quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O que mais queremos na vida



 Analisem comigo essa manchete, estampada hoje nos jornais: “Escândalo sem fim: confusões amorosas na cúpula da segurança nos Estados Unidos comprometem mais um chefe militar”.

 Sempre imaginei um agente da CIA como uma pessoa fria. É alguém que deve calcular cada passo que será dado em uma operação, alguém que não se deixa comover pelas coisas pequenas da vida, porque ele tem um objetivo, e nada é mais importante do que alcançá-lo.

 Nem mesmo uma vida humana é mais importante do que o cumprimento da sua missão. Se precisar matar, o agente de CIA matará.

 Eles são treinados para isso. Para não se sentir.

 E, no entanto, esses homens frios, esses homens aparentemente sem sentimentos, eles caem justamente na armadilha que parece ser a mais simples de ser evitada, e por isso é a mais perigosa: a paixão. Esses homens colocam tudo a perder por causa de um relacionamento clandestino, e mostram que são também de carne e osso, como qualquer um de nós.

 Li outro dia um poema, mas não consigo encontrá-lo, nem descobrir seu autor. O que nos importa é que, lá pelas tantas, para descrever uma cena de beleza rara, o poeta tasca: “era bela como a amada que ele mais amou...”.

 Bela como a amada que ele mais amou...

 Aí está um trecho que parece elucidar muito da alma humana. Não importa o quão frio e racional possa ser uma pessoa, não importa o quanto ela queira se divertir e não se preocupar com nada, ela certamente será derrubada, em algum momento, por uma paixão.

 Há quem seja derrubado várias vezes.

 Mesmo um agente da CIA, mesmo eu e você, tudo o que nós queremos da vida não é dinheiro, não é sucesso profissional, não é nem mesmo a superestimada felicidade. O que queremos mesmo é que a vida nos apresente momentos tão intensos como foi intensa a beleza da pessoa que mais amamos um dia.

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