sexta-feira, 14 de junho de 2013

As manifestações que viraram o jogo

Embora eu nunca tenha chegado a brigar fisicamente com ninguém, já fui ameaçado algumas vezes. Coisas de colégio, você sabe. O que importa é que não serei eu, jamais, a escrever uma linha sequer defendendo a violência, em nenhuma de suas muitas formas, como fator que possa solucionar algum problema.

Não, violência definitivamente não resolve. Esse é o lado negativo das manifestações que têm ocorrido nas principais cidades do nosso país desde segunda-feira. A violência ocorre de todos os lados, desde a parcela de manifestantes que depredam o patrimônio público até a parcela de policiais que fere inocentes de forma truculenta.

Mas não é sobre a violência que eu quero falar. Isso a imprensa já tem noticiado o tempo todo. Quero falar do lado bom disso tudo. Sim, porque tudo na vida tem um lado bom, a gente aprende isso nas derrotas. Ou pelo menos é o que deveria aprender.

O lado bom dos protestos é ver que o brasileiro resolveu, enfim, levantar de sua poltrona confortável. O brasileiro saiu para as ruas com gritos, com faixas, com indignação, sim, mas principalmente, com atitude.

É justamente o que estava faltando. O brasileiro se indigna quando lê que os estádios para a Copa já estão custando mais do que o dobro do valor previsto inicialmente, o brasileiro se irrita quando ouve no noticiário que o político condenado ainda está solto, o brasileiro fica incrédulo com as declarações homofóbicas soltas por aí, mas sempre agüenta tudo passivamente.

Nesta semana, o jogo virou. Afinal, os protestos são contra os aumentos nas passagens de ônibus. Vamos pensar: quem utiliza o transporte público no Brasil? Não é a parte mais rica da população, não é o empresário, não é nem mesmo o prefeito da sua cidade. É o cidadão de bem, esse que trabalha o dia inteiro; que devolve a carteira que encontrou na rua, que não nasceu em berço de ouro e precisa pegar ônibus; é esse cidadão que não aguenta mais.

E é também esse cidadão quem descobriu que uma mudança pode ser motivada pelos mais variados sentimentos, mas só se faz com atitudes. 

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