sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Quando o instinto fala mais alto

 Não bebi muito na primeira festa em que fui; nem precisava. Eu tinha de 13 para 14 anos, e mesmo sem beber tanto assim, acabei ficando bêbado. Pensando bem, bêbado é uma palavra forte, porque remete à pessoas dormindo nas calçadas com uma garrafa ao lado. Então digamos que eu acabei ficando... alegre.

 E quando já estava meio enjoado, fui para a sacada do lugar, para tomar um ar. Um outro cara, que também estava “alegre” chegou por ali, e ficamos amigos.

 Aliás, é incrível como é mais fácil fazer amizades quando se está assim, alegre.

 Aconteceu o seguinte: o meu novo amigo havia perdido a sua comanda, e estava muito desanimado, porque quem não a apresentasse na saída teria de pagar uma multa de R$ 250. Depois de ouvir o seu drama, não hesitei:

 - Toma a minha – ofereci.
 - Pô – me disse ele – Valeu.

 E a aceitou, sorridente.

 Para minha sorte, ele encontrou a comanda que estava perdida dois minutos depois, no próprio bolso. O que me salvou de uma burrada histórica.

 Essa história ilustra, ainda que com ações toscas, o que o álcool faz. Nos torna espontâneos, desmedidos. Eu tive vontade de ajudar alguém que estava sem comanda, então ajudei. Com o álcool o racional deixa de existir; perde toda sua força. Resta só a vontade, o instinto.

 E um homem não pode ser só instinto, porque acaba se prejudicando, como eu quase me prejudiquei. 

 Nessa mesma lógica, o Romário, que é um deputado, um representante legítimo da nação, não pode ofender o técnico da Seleção Brasileira através de suas redes sociais, ainda mais usando palavras grosseiras, como aconteceu nesta semana.

 Não só porque é feio, mas porque é desmedido. É instintivo. E quem age só através do instinto acaba prejudicando a si mesmo muito mais do que ao alvo da crítica.

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