sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A pior coisa que existe


Entreouvi um trecho de uma conversa telefônica, ontem, entre pai e filha.

Foi atrás de mim, na volta da faculdade.

O pai dizia que estava com saudades, e que a amava. Até aí, nada de mais. Aliás, acho louvável que os pais digam sempre que amam seus filhos, afinal as crianças precisam se sentir amparadas neste mundo implacável e rasteiro.

Mas o que me chamou atenção naquela conversa foi o trecho seguinte. 

Após um hiato de alguns segundos, o pai tornou o falar: "ô filha...não precisa chorar. O pai te ama muito, tá?".

Com a voz já embargando, ele repetiu mais algumas vezes que a amava.

Por fim, após desligar o telefone, o homem comentou com a pessoa que estava do lado:

- É foda... A pior coisa que existe é ouvir o choro da tua criança.

E suspirou.

Fiquei pensativo depois daquilo.


Afinal, a lembrança dos bons momentos entre eles de nada servia para aplacar a saudade que lhes oprimia o peito. Provavelmente, essas lembranças até aumentem a dor alimentada pela distância. Lembrei, então, de uma frase que li nesta semana, de George Lord Byron: a recordação da felicidade já não é felicidade; mas a recordação da dor ainda é dor.

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