sexta-feira, 29 de julho de 2011

A guria paranóica


Uma vez eu ficava com uma menina que morava na minha rua, e cara, ela era muito paranóica. Ela estudava de tarde e eu de manhã, na 8ª Série. Era uma época boa aquela, porque eu ficava com uma em cada turno, mas teve um dia em que eu tive que estudar de tarde. Aula de recuperação e talicoisa.

Aí as coisas se complicaram. Passei por ela no recreio e fingi que não vi. Poderia não ter visto mesmo, porque eu passei conversando com a outra, a do turno da manhã.

Mas é que essa menina que eu ficava e que morava na minha rua, cara, ela era muito paranóica.

É claro que depois ela veio tirar satisfações:

- Tu passou por mim hoje e não me olhou – falou, amuada. – Ta brabo comigo?
-Não – desconversei – é que eu não te vi então.
-Pode falar se tu ta brabo comigo – ela insistiu.
-Mas eu não to. Juro!
Ela ficou um tempo quieta, olhando pra baixo. Eu ainda arrematei:
-Porque eu ia estar brabo contigo?
Mas é que, cara, aquela guria era muito paranóica:
-Pode negar. Mas eu sei que tu ta chateado.

Aí eu não agüentei:
-EU NÃO TO CHATEADO!

E ela concluiu, triunfante:

-Viu como tu ta irritado?

Assim são algumas pessoas. Pecam pela insistência e acabam realmente atraindo aquilo que elas acreditam. Assim é o presidente do Grêmio. Insiste tanto na Imortalidade que esquece de contratar bons jogadores. Terminei com a guria, claro. Os títulos e as boas atuações parecem que também romperam os laços com o tricolor.

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