quinta-feira, 28 de julho de 2011

Onde mora o preconceito

Você que já foi a um estádio de futebol, sabe que lá não é lugar para ouvidos sensíveis. Chama-se o juiz de filho de puta, o baindeirinha de pau no cu, o jogador é xingado quando erra, o do outro time é vaiado, e todo mundo acaba sendo chamado de viado.

Porque onde há fanatismo, há nervos à flor da pele. Eu não vejo mal algum nisso. Um jogador profissional deve saber quais pressões vai enfrentar. Um juiz de futebol deve saber que a torcida esbravejará contra ele, mas no outro dia não vai nem lembrar mais.

É normal isso. É do futebol.

Mas...

Comentários racistas são diferentes. Aí os jogadores se ofendem. Por quê? Se um jogador for homossexual, e chamarem-no de viado no estádio, é homofobia? Porque eles suportam todos os tipos de insultos, mas não toleram que se fale da sua cor?

Porque o preconceito está também neles. Eu, por exemplo, sou machista assumido, bairrista assumido, e só não sou narcisista porque gosto demais das outras pessoas. Aliás, eu gosto daquilo que eu faço parte. Se eu fosse mulher, seria uma feminista convicta. E digo mais, se eu fosse negro, eu teria orgulho da minha cor. Orgulho! Não ia me importar em ser chamado de macaco, que macaco é um dos seres mais inteligentes e parecidos com o homem.

É isso. Quando você se ofende com algo, é porque você vê ofensa naquilo. Os negros parecem que tem vergonha da própria cor. Pode reparar. Você está numa fila de banco e pede: chama aquele alemão ali pra mim?

Tudo normal. Experimenta agora pedir pra chamarem aquele negro. As pessoas, racistas que são, vão arregalar os olhos e pensar “que cara racista!”.

O que está faltando hoje é a compreensão de que fazemos todos parte da mesma raça: a raça humana. Ofensas, piadinhas, isso sempre vai existir. Quem suporta, pela sua ocupação ou cargo, ser chamado de viado-filhodaputa-mercenário sem nem se abalar, não pode se ofender com um comentário racista.


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