quarta-feira, 15 de junho de 2011

Caminhos da ambição - antepenúltimo capítulo

Os advogados correram em auxilio de Flávia, que parecia prestes a perder os sentidos. Ana continuava paralisada, muito pálida, em sua cadeira.

Ninguém percebeu quando Paulo saiu sorrateiramente de cena. Não adiantava ficar ali. Não era um momento bom para explicações. Ele precisava agir.

Esperou quase meia hora no consultório de Rodolfo até ser recebido pelo médico.

-Pelo visto o meu lembrete no cemitério surtiu efeito. Então, veio pagar a minha parte no trato? Já leram o testamento do velho? – perguntou Rodolfo, com um sorriso sarcástico.

- Nós estamos com problemas – resumiu Paulo.

-Problemas? – perguntou Rodolfo – Problemas? Problemas você vai ter se não chegarem na minha conta os 200 mil que a gente combinou. Aí eu vou ter que contar pra todo mundo que você planejou a morte do velho Aníbal, me contratou para fazer o serviço sujo e falsificar o atestado de óbito. É isso que você quer?

-Rodolfo...-Paulo sentia-se em um pesadelo- deu tudo errado cara. O velho desgraçado deixou a grana para orfanatos, asilos e sei lá mais o quê. Não tem herança, velho.

-Você só pode estar tirando uma onda comigo! –vociferou o médico – Eu to te avisando, eu quero o dinheiro na minha conta até...

- EU NÃO TENHO O DINHEIRO! – Paulo perdia o controle mais uma vez – Não tenho, entendeu? E nem vou ter! E você não vai me denunciar pra ninguém, seu burro, porque isso seria confessar a sua parte no crime!

Rodolfo, no entanto, não lhe deu ouvidos. Discutir com ele seria inútil, seria como discutir com um torcedor de futebol ou um fanático religioso.

- DÊ O FORA! – brandiu – Eu quero esse dinheiro na minha conta em uma semana!

Paulo saiu do consultório, pois sabia que não tinha o que fazer. Rodolfo era tolo o suficiente para deixar os dois em uma enrrascada.

O que fazer agora? Fugir parecia-lhe algo pusilânime. Desanimado, sentou em um banco de praça e olhou para o céu. Não acreditava que podia ter perdido tudo em tão pouco tempo, não acreditava que aquilo não era um pesadelo.

E então, como não fazia há muitos anos, Paulo chorou.

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