quarta-feira, 15 de junho de 2011

Caminhos da ambição - capítulo 13

Então quer dizer – disse Ana quebrando o silêncio – que nós não temos direito a nenhuma parte da Alimentos Valentim?

 -Exatamente- esclareceu um dos advogados – O senhor Aníbal foi bem claro nessa parte. Deixa a vocês duas esta casa e mais dois apartamentos no litoral de Santa Catarina, dois carros e R$ 100 mil na conta de cada uma. A empresa deve ser vendida e o valor da venda revertido a instituições de caridade. Tenho aqui uma lista de lugares que...

- ENFIA NO RABO ESSA LISTA! – berrou Paulo descontrolado – Que palhaçada é essa? Aquele velho idiota não podia fazer isso! Eu vou entrar na justiça pra anular esse testamento fajuto!

- Senhor, apenas a sua esposa e a sua cunhada podem entrar com uma ação judicial nesse caso e, lamento informar, ganhar é quase impossível.

-Paulo, talvez seja melhor... –começou Flávia, assustada com a reação do marido.

-Talvez seja melhor?TALVEZ SEJA MELHOR? Você é mesmo muito tonta Flávia, por isso seu pai não deixou nada pra você. E agora querem aceitar isso? Vão tomar no cu! Eu não acredito nesses advogados putos e nem nessa negra suja que o seu pai arrumou de testemunha!

-Cala essa boca, seu nojento – quem berrava agora era Matilde, para o espanto de todos, inclusive de si mesma – Você não vale o prato que come, seu...

- CHEEGA! Isso é uma reunião de família – Ana engasgou as palavras, as lágrimas rolando-lhe pela face – Vá embora Matilde. VAI!

Matilde olhou longamente para a menina. Para a menina que ela havia embalado quando era pequena, limpado a bunda quando ela era apenas um bebê, que havia praticamente criado sozinha. Menina? Não, aquela menina não existia mais, aquela menina agora a enxotava como um cão sarnento por causa de um homem sem escrúpulos.

- Eu vou. – disse finalmente. E após uma pequena pausa, acrescentou - Eu não esperava nada diferente de ti, sua malcriada, não depois de virar amante do próprio cunhado.

O choque da acusação paralisou Ana, desnorteou Paulo, e fez com que Flávia deixasse cair o copo que segurava em uma das mãos.

Matilde saiu da sala lentamente, com a cabeça erguida. Não tinha mais nada a fazer naquela casa.

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