Esse texto foi escrito em abril de 2010:
Em tempos de “Rebolation” e “Banda Dejavu”, tenho recorrido às músicas de alguns anos atrás. As boas, claro, porque o lixo cultural no topo das músicas mais tocadas não é exclusividade de hoje.
E, se você prestar atenção nas letras, percebe que praticamente todas poderiam ser lançadas hoje, sem problema nenhum. Incrível como tem coisas que não mudam nunca, apesar do tempo que passa. E naquele devaneio entre a preguiça e o sono, - que depois a gente nunca sabe se estava dormindo ou acordado – uma me chamou atenção. Dizia que “nós temos todo o tempo do mundo/somos jovens/ tão jovens (...)”.
Só lembrava desse trecho. Teria sido sonho? A internet – sempre ela- me mostrou que não. É uma música da Legião Urbana, que fala que apesar de não podermos mudar nada do que já foi feito, temos todo o tempo do mundo, afinal, somos jovens.
Todo o tempo do mundo.
A utopia das utopias! Quem não gostaria de ter todo o tempo de que precisasse? Tempo é dinheiro, sentenciam alguns, o que em uma sociedade capitalista como a que vivemos quer dizer na verdade que tempo é tudo.
Mas estamos todos errados. O que não queremos é admitir que somos seres efêmeros, que estamos de passagem, que não somos tão importantes quanto gostaríamos e que envelhecemos, lenta e inexoravelmente. Queremos uma vida emocionante, cheia de conquistas – sejam pessoais, profissionais ou financeiras – queremos ser lembrados, enfim. E acabamos esquecendo que o sentido da vida é simplesmente, viver.
Sim, estamos todos errados. Tempo não é dinheiro, é muito mais do que isso. O dinheiro que perdemos hoje pode ser recuperado amanhã. Já o tempo perdido não volta. E não, nós não temos todo o tempo do mundo, não adianta nos iludirmos. Temos um tempo escasso, e isso pesa muito mais sobre nós, jovens, que vivemos ouvindo frases do tipo “essa tua idade aí não volta mais”, ou “se eu pudesse voltar atrás e ter a tua idade de novo, faria tudo diferente...”
Uma carga e tanto. Ter que aproveitar tudo, pra não se arrepender depois. Ter que acertar ao máximo nas escolhas, pra não pagar por erros de hoje amanhã. A todas as incertezas e dúvidas que a juventude nos traz, soma-se essa, a mais importante de todas: como estamos aproveitando o nosso tempo?
Ainda dá pra mudar, e é bom que se diga isso hoje. Amanhã pode ser tarde
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