quarta-feira, 8 de junho de 2011

Caminhos da ambição - capítulo 3

Uma garoa fina molhava os ternos escuros de dezenas de figurões no momento em que o caixão começou a descer. Os homens mantinham um ar grave de quem não sabia exatamente como se portar em um momento como aquele.

Flávia usava grandes óculos escuros, escorada no marido, que mantinha no rosto um olhar indecifrável. Ana sentiu uma lágrima solitária rolar pelo rosto delicado, talvez mais por hábito do que por dor ou tristeza. Ergueu a cabeça, e procurou inconscientemente o rosto de Paulo. Analisou-lhes as feições por um instante fugídio, até que seus olhares se encontraram e Ana desviou rapidamente o rosto, sentindo suas faces corarem.

Quando Paulo saía do cemitério, sentiu uma mão puxar-lhe a aba do casaco com força.

-Esqueceu de mim?

-Você está louco! - cochichou Paulo, aflito - não é bom que nos vejam conversando!

-Oh, não precisa ficar nervosinho, o meu papo contigo é rápido. – falou o homem, - Na verdade, eu só queria lembrar que a gente ta junto nessa jogada, meu irmão. Se tu não cumprir o combinado, tu ta fudido. Quem avisa amigo é.

E o homem afastou-se, tão rapidamente quanto havia se aproximado.

Paulo sentiu o estômago revirar. Era só o que faltava, ser chantageado por Rodolfo, aquele médico de quinta! Ele sabia que tinha pouco tempo para pôr o plano em ação, mas também sentia-se cada vez mais confiante com relação ao êxito do “projeto”.

Naquele instante, Ana – que estava poucos metros adiante- virou o pescoço para procurar-lhe com o olhar.

 Sim, não havia dúvida de que ele conseguiria. O problema era o tempo. Seu tempo era curto. Teria que levar Ana para a cama em no máximo três dias.

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